Grave o seu nome, seu traço e reconheça a sua cor preferida. Num instante seguinte, mude de cor e de traço; se quiser, mude até a forma como desenha o seu nome. Descubra a liberdade de se transformar e de fazer a sua própria história”.

Helio Rodrigues


segunda-feira, 31 de março de 2014

MAS E A ARTE? O QUE FAZ A ARTE?



Talvez uma das maiores fontes de criação seja os opostos. 
Atravessar a linha que define a fronteira entre um e o outro, pode alimentar do novo e do imprevisível aqueles que conversam com a arte.

Como artista, me atraio pelas inúmeras possibilidades que me oferecem os contrários e de certa forma me repito como arte-educador, já que as diferenças sociais me instigam a pensar as possibilidades de aproximação que podem existir.

Quando produzimos a instalação “O Muro” http://omuro-projetosocialeusou.blogspot.com.br/, queríamos promover a aproximação entre os olhares de jovens da favela do jacarezinho e os olhares da sociedade formal, tendo a arte como instrumento de ligação. Conseguimos. O numero de visitantes e as questões levantadas por eles foram surpreendentes.

Depois de alguns pousos em museus e centros culturais o Muro continua viajando. Em abril de 2014, ficou instalado por três meses no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba. 
Este ano vamos retomar a apresentação do "Muro" em novos espaços. Paralelamente demos inicio ao "Eu sou arte”, uma nova obra de instalação artística, interativa, baseada nos obstáculos que dividem a sociedade brasileira, sendo que dessa vez o recurso de comunicação utilizado para atravessar os muros sociais não serão os olhares, mas os corpos de jovens da favela e do asfalto, ocupando os vazios e os sentimentos que vão sendo criados entre eles. 
Simplificadamente, a pergunta que dá origem ao conceito do "Eu sou arte" é:
Quando não há proximidade ou identificação entre diferentes, o que pode existir no espaço entre um e outro?
As respostas serão dadas por cada um dos participantes 
Originalmente acredito que existia apenas um grande espaço vazio, mas a tendência nos dois grupos foi preenchê-lo com  a indiferença e logo a seguir o preconceito.  
Quando os vazios estão localizados entre grupos sociais que já não se reconhecem, como é o caso das favelas e a sociedade reconhecida, podem ir além do descaso e o preconceito para se afirmar na violência. 

Mas e a arte? O que faz a arte?


  • Amplia o olhar para além da concretude das coisas ou do olhar restritivo de um único angulo.
  • Se desenvolve na falta, no vazio e não do que se apresenta pronto, completo, preenchido. 
  • Promove conexões do indivíduo com ele mesmo e assim a ele concede existência.
  • Promove relações com códigos muito próprios, que não precisam passar por premissas ou condições sociais pré-estabelecidas.
Se isso já não bastar vale lembrar que para se produzir ou contemplar arte não é necessário graduação, muito menos falar a mesma língua, ter a mesma raça ou religião. No universo da arte, o diverso é a grande fonte de alimento para ela existir..




Nenhum comentário:

Postar um comentário

TRANSFORMAÇÃO DAS ARMAS